Impossível não focar o assunto: “seca”, vivendo da atividade leiteira e convivendo com a possível pior estiagem da história de Alagoas.

Dentre tantos que assim fizeram, somamos vozes com argumentos fundamentados, em apelos que pareciam re-editar os antigos trechos de Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz.

Enfim, o som de tantos apelos sensibilizou o Governo Federal no sentido de dar a força final para fazer percorrer pelas caneletas da gigantesca obra o precioso líquido tão desejado: água potável.

A promessa da inauguração da primeira etapa do canal (65 km), prevista para janeiro de 2013, acontecerá com a presença da presidenta Dilma no último dia do mês (31). Será um marco histórico porque o Canal do Sertão é muito mais que uma esperança muito desejada pelo sertanejo alagoano, é, na verdade, um símbolo que aponta para uma nova era. Teme-se até que, não somente água, mas sangue venha ser derramado também nas futuras disputas pelo direito ao acesso.

Obviamente, a parte mais difícil está por vir. Não será fácil lidar com a ambição humana e a obsessão da “casa grande” que ainda faz perdurar o triste histórico de latifúndio improdutivo, alimentando as “senzalas” modernas que enchem as urnas de votos nas épocas da política. Onde humanos eleitores são loteados e negociados em redutos, para garantirem a permanência de uma aristocracia egoísta e perseguidora. Num quadro já tão bem descrito por Gilberto Freyre em sua obra.