ORIENTAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

  • Roberto Amaral
  • 31/05/2013 08:30
  • Roberto Amaral

Por Roberto Amaral

Os dias 17 e 18 de maio deste ano foram terríveis em Palmeira dos Índios. Marcaram um pico no surto de diarréia e vômitos na população. Segundo informações da imprensa, 1.300 pessoas já foram atingidas pela doença. Aliás, surto este que parece estar acontecendo em diversas cidades do Nordeste, pelas semelhanças nos quadros clínicos relatados.

No entanto, o acontecimento em Palmeira dos Índios (AL) tomou destaque na mídia devido a uma sequência de justificativas desencontradas, gerando conflitos de opinião e despertando a curiosidade pública.

A informação chegou à ISID (International Society for Infectious Diseases), uma sociedade científica internacional que também estuda casos epidemiológicos de doenças infecciosas em todo o mundo, cuja sede é em Harvard (EUA). Esta sociedade é composta de membros em mais de 155 países. Eu sou cadastrado na organização e recebo e-mails regularmente com informações relacionadas a ocorrências no mundo inteiro.

Num desses e-mails, observei que havia um comentário científico relacionado ao que estava sendo veiculado na mídia, sobre o caso de Palmeira dos Índios. O e-mail diz o seguinte:

[Na matéria] "não há informações relacionadas a tempo/lugar/pessoa, imprescindíveis para a definição das estratégias de investigação e compreensão de qualquer surto. Menciona-se como provável causa "bactérias" identificadas em amostras de água. De fato, em surtos comunitários de diarreia, a contaminação de água é, em geral, uma das fontes mais prováveis de infecção. Fica pergunta: qual bactéria foi incriminada? Algumas dúvidas: não foram colhidas amostras de fezes, ainda que de maneira amostral, dos pacientes sintomáticos? Foram realizados estudos microbiológicos para a pesquisa de vírus (Norovírus? Rotavírus?) e protozoários (Cryptosporidium? Giardia?), patógenos que, via de regra, demandam estudos mais cuidadosos em amostras de água e de fezes para que possam ser identificados. Lembrar que identificação de bactérias em amostras de água (geralmente coliformes) não necessariamente permite incriminá-las como o agente causador de um surto. É necessário, dentre outros elementos, além de identificar a bactéria, determinar seu potencial patogênico e a partir de qual concentração."

 Parabéns à ISID pela pertinente análise. Espero que a utilizem por aqui.