SISTEMA “ULTRAPASSADO” DE SAÚDE

  • Redação
  • 07/03/2013 08:05
  • Roberto Amaral

por Roberto Amaral

Dioclécio Campos é Médico, professor emérito da UnB, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, representante da SBP no Global Pediatric Education Consortium. Escreveu no Correio Brasiliense um artigo muito pertinente sobre os serviços de saúde pública, apresentando críticas construtivas sobre o SUS (Sistema Único de Saúde). Muito importantes neste momento em que o Governo Federal pretende reformular o sistema.
Eis alguns trechos de sua matéria:
“A sigla SUS colou. O conceito não. Contradiz o que pretende passar para os usuários. Saúde não é ausência de doença. É o bem-estar físico, mental e social do indivíduo. Supõe sociedade justa, igualitária, segura, educada, produtiva de bens necessários e não de males supérfluos. Não se promove saúde tratando enfermos. Cura é ação válida. Reduz sofrimento, atenua sequelas. Porém, não atinge o cerne da questão. As doenças não desaparecem.
Propagam-se mercê de um modelo que prioriza terapêutica, não profilaxia. Tratamento cura o paciente, mas não impede a difusão da moléstia. Alivia sintomas, não erradica fontes do mal. Não protege o cidadão dos riscos potencialmente lesivos às estruturas e funções do organismo humano.
Persistir nessa rota só é coerente com a lógica da economia capitalista. Reforça a dinâmica do consumismo supérfluo. Eleva o uso indevido de medicamentos, tecnologias diagnósticas e terapêuticas deslumbrantes.
Para incorporar princípios éticos à condução das políticas públicas, urge mudar o sistema de saúde. Imediatismos nada resolvem. Mediatismos, muito menos. Dizer, por exemplo, que há falta de médicos no país é falar sem pensar. Na verdade, há excesso de doentes. O que falta é população sadia.
Ministério e secretarias ditos da saúde precisam sê-lo de fato. Não passam de ministério e secretarias da doença.”

Dentro desta ótica do artigo que postei acima, destaco que a FALTA DE FOCO em medicina preventiva é tão grande no SUS ultrapassado, chegando ao ponto de desconsiderarem, por muitos anos, o Médico Veterinário como elemento fundamental dentro de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF – SUS). Que, aliás, apesar de recentemente aceito, ainda não passa do papel escrito (salvo raros casos de acanhadas experiências pontuais). Cuja inclusão foi mais um ato de vontade política que de interesse do próprio sistema de saúde.
Tudo isto mesmo sabendo-se que 75% das doenças de interesse epidemiológico são zoonoses (doenças comuns a homens e animais).