120 anos de Graciliano Ramos

  • Roberto Amaral
  • 21/06/2012 07:34
  • Roberto Amaral

Em ano de eleições em todo o Brasil se comemora, exatamente no mês de outubro, os 120 anos de nascimento do mais importante prefeito da história de Palmeira dos Índios: Graciliano Ramos.

Apesar de, localmente e por enquanto, ainda não ter sido observado nenhum sinal de movimentação no sentido de prestar homenagens ao ilustre ex-prefeito, o Brasil relembra a história desse inesquecível intelectual, o qual foi de tão grande importância para a cultura nacional e internacional.

Retransmito, a seguir, entre aspas, texto copiado de uma publicação do “Coletivo Cultural – Rosa do Povo”:

“Nascido em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, o grande romancista brasileiro ingressou no PCB no ano de 1945, quando já era um escritor consagrado pela publicação de obras que marcariam para sempre a literatura nacional, como São Bernardo e Vidas Secas, verdadeiros libelos contra a miséria e a opressão humanas. Nesta época também já era conhecido por sua postura política profundamente ética e libertária, destacando-se por sua posição antifascista e contrária ao Estado Novo, assim como pelo uso, em suas crônicas, da ironia corrosiva contra as mazelas sociais e a inépcia do governo Vargas em combatê-las. Afinal, havia passado dez meses preso, sem culpa formada, e ficou fichado na Polícia Política como “suspeito de exercer atividade subversiva”, quando eclodiu a rebelião comunista em 1935.

Participou das lutas contra o nazifascismo e contribuiu, com sua militância junto aos escritores, para a retomada das liberdades democráticas e pelo fim do Estado Novo. No PCB, juntou-se a Jorge Amado, Astrojildo Pereira, Caio Prado Júnior, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Carlos Scliar, Djanira, Moacir Werneck de Castro, Aparício Torelly, Oduvaldo Vianna, Dias Gomes, Oscar Niemeyer, Alberto Passos Guimarães, Mário Lago, entre inúmeros outros artistas e intelectuais que enxergaram no Partido Comunista o espaço político necessário à luta pela paz, pelo avanço democrático e pelo socialismo.

Discordou da política cultural então formulada pelo PC da URSS, a do “realismo socialista”, afirmando que “a literatura é revolucionária em essência, e não pelo estilo do panfleto”. Faleceu em 20 de março de 1953, aos 60 anos, sem ver publicada outra obra clássica escrita por ele: Memórias do Cárcere, reconstituição dos porões da ditadura varguista e belo exemplar do realismo crítico, a retratar as figuras humanas em toda a sua fragilidade, riqueza e complexidade.”


Injustiçado cruelmente pela deletéria política alagoana, amado pelos admiradores das artes literárias e da boa cultura, conta-se que o mestre Graça morreu achando que a solução para o seu Estado de origem seria transformá-lo em um Golfo, a partir do bombardeio da foz do São Francisco.