A RECEITA AGRO-ECOLÓGICA DE CÍCERO ROMÃO BAPTISTA, CONTRA A SECA

  • Roberto Amaral
  • 03/01/2013 07:16
  • Roberto Amaral

Contra a seca, Padre Cícero recomendou:

"Não toquem fogo no roçado, nem na caatinga; não cacem mais e deixem os bichos viverem; não criem boi e nem bode soltos; façam cercados e deixem o pasto descansar para se refazer; não plantem em serra acima; nem façam roçado em ladeira muito em pé; deixem o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza; façam uma cisterna no oitão de suas casas para guardar a água da chuva; represem os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta; plantem cada dia, pelo menos, um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só; aprendam a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar vocês a viverem com a seca. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer; mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão vai virar um deserto só". (Padre Cícero Romão Baptista - 1844/1934).

Padre Cícero Romão Baptista foi vice-governador do Ceará e deputado federal eleito. Presenciou duas grandes e importantes secas da história de seu estado, que foram as secas de 1915 e 1932. Em ambas, mesmo discriminatórios e submetendo as pessoas a péssimas condições de vida, foram criados, pelo governo, campos de concentração para acomodarem as vítimas que padeciam na extrema miséria. Um quadro histórico muito triste.

Sobre a seca de 1915, uma ótima dica de leitura é o romance “O Quinze”, escrito pela cearense Rachel de Queiroz em 1930, a qual se tornou depois a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.