A primavera alagoana

  • Redação
  • 05/06/2012 09:05
  • Roberto Amaral

A primavera árabe foi um marco histórico, no Oriente Médio, que resultou na queda do governo egípcio e desencadeou uma sequência de revoluções em outras nações, cujas lutas ainda são travadas naquela extensa região intercontinental. É algo diferente, jamais vivido antes, que nem tão breve terá fim.

O mais alto momento da Primavera Árabe foi marcado pelo uso da rede social Facebook, como instrumento de articulação, recrutamento, motivação e socialização da informação.

Os ditadores do velho mundo detinham o integral controle da mídia (TV, jornais, rádios, etc.), mas subestimaram a força da rede social. Perderam pela soberba.

O primeiro e mais importante grupo do Facebook utilizado pela juventude rebelde egípcia foi o grupo We are all Khaled Said, o qual hoje tem 223.242 membros e pode ser acessado livremente, basta procurar pela ferramenta de busca da rede social. Muitos outros grupos foram, por este, influenciados. Como exemplo: o grupo We are all Syria, com 150.000 membros, e que está em plena atividade.

Nas Alagoas, terra do Quilombo dos Palmares, dos engenhos de Calabar e dos Marechais da República, também emergiu recentemente um ato popular de protesto pacifista articulado através do Facebook. Refiro-me ao grupo pacifista “ALAGOAS – ESTADO DE EMERGÊNCIA”. O qual, hoje, possui 61.000 membros.

Os contextos são bem diferentes, as realidades são outras, tanto entre o Egito e a Síria quanto, logicamente, em comparação com o nordestino estado brasileiro - que apesar de não estar em guerra, possui estatísticas de homicídios similares. No entanto, algo há em comum entre todos esses agrupamentos: “a indignação das pessoas diante do fantasma da violência”. Nada mais desperta tanta ira no ser humano. Enquanto silencia, cresce um monstro de revolta.

Observem que “consultores” experientes subestimaram, dizendo que o elitista bairro de Maceió não colocaria sequer uma centena de pessoas na Praça Vera Arruda. E aconteceu muito mais do que imaginava o mais otimista pacifista do movimento.

Os fantasmas são diferentes entre os povos, mas as revoltas parecem ter a mesma origem: uma mente que decide dizer: basta!