Hospital Santa Rita: entre fatos e fofocas

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  • 17/07/2014 15:28
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Jogaram estercos gratuitamente nos ventiladores do Hospital Santa Rita, e o “disse-me-disse” vai continuar por algum tempo, e enquanto o bafafá continue, o prejudicado é a população.

Mesmo sem ter especialidade em gestão hospitalar, qualquer um pode dimensionar o tamanho do esparadrapo necessário para proteger a ferida ocasionada por picadas dolorosas, que põe em risco a existência administrativa da instituição de saúde.

Quem tem de sessenta pra lá, sabe o quanto extraordinário este hospital foi para a região, numa época em que não se fazia política com a saúde, num tempo em que os médicos prestavam plantão, e seus consultórios particulares eram localizados no centro da cidade. Período em que o atendimento era humanitário, e não se fazia remendos e mandava o bombardeado para Arapiraca.

O progresso chegou e com ele a tecnologia e uma nova safra de doutores, mesmo sem terem doutorado, porém cheios de títulos de residências em várias especialidades. Como o tempo tudo muda, o vasto terreno do hospital também tem marcas de uma evolução; foi transformado num loteamento caracterizado por belos consultórios privados, e também fanfarreado com um escritório de atendimento da Unimed, cujo plano impenetrável para os pobres, se alojou numa estrutura já existente, e ninguém sabe quanto esse povo paga pela uso. É difícil acreditar, até porque pelos veículos estacionados em locais proibidos, conforme mostra a foto, deixa transparecer uma falta de respeito, caracterizando um mal exemplo para os seus pacientes.

Se nada disto gera receita para os cofres do Hospital, há razões para possíveis cortes de serviço de telefonia, energia elétrica, títulos protestados, além da dificuldade para pagar uma folha de funcionários recheada com colesterol. E enquanto o paciente está sob ventilação mecânica, as fofocas correm soltas pelas esquinas e bares da cidade. Aliás, é bom que a gerência hospitalar tome ciência de que parte da população questiona sobre isto.

Há de se ponderar a herança amaldiçoada deixada no transcorrer dos anos por outras gestões. Com isto, não se pode pôr a culpa no seu todo na administração atual. Com tantos problemas, gerenciar a instituição Santa Rita parece ser um pepino, que talvez esteja sendo recusado na salada da vida de muitos profissionais.

Houve um tempo em que não se guerreava por repasses. Hoje, dá-nos a entender que o Santa Rita se transformou num apêndice da prefeitura de Palmeira dos Índios. No entanto, se existe um pacto de repasse e foi cortado sem aviso prévio à outra parte, consideremos que o prefeito James Ribeiro pisou na bola. O medicamento para empresa é dinheiro. E o paciente que não toma seu medicamento no dia e hora prescrita, com certeza corre o risco de falência.

Por outro lado, numa espécie de pressão, feita através do seu provedor, o Santa Rita ameaça até mesmo a omissão de socorro, o que ficou claro numa entrevista concedida à Rádio Vitório FM.

Além de ameaçar a omissão de socorro nas emergências, o provedor foi infeliz ao fazer uso da falta de ética médica, classificando os profissionais da UPA como inexperientes.

Inadequados termos mencionados por um dirigente sério e honrado, dotado de ilibada conduta moral e profissional. Falemos que tenha sido atraiçoado pela emoção durante a entrevista, porque como médico, tem conhecimento do Código de Ética da sua profissão.

Tal qual um paciente portador de constantes crises de taquicardia sinusal, que se proceda uma ablassão no Hospital Santa Rita, para que o mesmo continue sendo a referência da Região. Afinal, atende enfermos procedentes de Estrela de Alagoas, Belém, Cacimbinhas, Quebrangulo, e outras localidades. A pergunta que não quer calar; estes municípios fazem algum repasse para a instituição?

Outra coisa que não vem claramente a público: por qual motivo a maioria dos casos graves é transferida para Arapiraca. Afinal, o que está faltando? Não vai demorar a que o Hospital de Urgência de Arapiraca passe a exigir repasse da prefeitura de Palmeira dos Índios, também.

E nesta enfermaria de dúvidas e dívidas, haverá ainda de brotar políticos oportunistas, cobiçando empurrar a maca pelos corredores para tirarem proveito da crise hipertensiva do nosso hospital.

Por fim, o diagnóstico conclusivo para o caso Santa Rita é infecção generalizada causada pela falta de entendimento entre as partes, que sobreveio de escoriações politiqueiras, e de muitas fofocas.

Luiz Antonio Albuquerque - DRT/0001279-ES