Em busca da nova política - e de novos políticos também

  • Redação
  • 21/10/2012 20:37
  • Adalberon Júnior
internet
A busca pelo novo tem crescido
A busca pelo novo tem crescido

Caro leitor,


Publico aqui trecho de um artigo do blog o jornalista Merval Viana, no O Globo, intitulado 'Busca pela renovação' - o texto ajuda a compreendermos um pouco mais sobre este fenômeno abordado aqui neste blog na semana passada. Pelo visto, o caminho para se eleger vai, a cada eleição, se afunilando, exigindo assim o 'algo novo' daqueles que se propõe aos cargos públicos. E vai um pouco além: se exige também 'políticos novos'. Boa leitura!

"Confirma-se uma tendência que já havia dominado o primeiro turno das eleições: o número recorde de votos brancos e nulos registrado pela pesquisa Datafolha, juntamente com o grande índice de indecisos às vésperas do segundo turno, mostra o eleitor em busca do novo, insatisfeito com as opções que os partidos políticos estabelecidos lhe oferecem. E não apenas de nomes novos, mas de atitudes novas.
O fenômeno foi exacerbado em São Paulo, onde 30% dos eleitores se abstiveram, ou votaram branco ou nulo, atitude que as pesquisas indicam se repetirá no segundo turno da escolha do prefeito paulistano. Mas essa tendência foi registrada em todo o país, com uma média de 25% de não-voto, índice muito fora do padrão histórico das últimas eleições.
Em várias capitais, mesmo naquelas em que o resultado foi definido no primeiro turno, o não-voto foi o segundo colocado, isto é, o candidato que chegou em segundo lugar, muitas vezes indo para o segundo turno, teve menos votos do que a soma dos eleitores que optaram por não votar.
Tudo indica que estamos entrando em uma fase de nossa vida partidária em que vai se revelando o desgaste de material do sistema que está montado em torno de partidos políticos esterilizados por uma mecânica de coalizão autofágica. O país vai colocando em marcha sistemas que tentam organizar minimamente essa orgia de siglas que nada significam, como a Lei do Ficha Limpa que começou a vigorar aos trancos e barrancos nestas eleições.
Mas ainda temos muito a caminhar para chegarmos a um sistema político-partidário que reflita uma sociedade madura. Em uma votação obrigatória haver 30% de não votantes é sem dúvida uma marca que merece registro dos que se preocupam com o rumo de nossa sociedade, uma clara reação negativa do eleitor médio.
Se o Parlamento representa com justeza a média da sociedade que o elege, há um registro de parte ponderável dela se recusando a continuar participando do jogo nos termos em que ele está colocado. E por outra parte a busca do novo reflete essa espécie de angústia existencial do eleitor, mesmo que se revista de equívocos, como seria o caso de uma vitória de Celso Russomano em São Paulo, ou a de Ratinho Jr. em Curitiba."

Blog do Merval Viana (http://oglobo.globo.com/blogs/blogdomerval)