Ovos de tartaruga não podem, crianças anencéfalas podem ser abortadas.
- Redação
- 13/04/2012 07:33
- Adalberon Júnior
Lamentavelmente assistimos no dia de ontem a “Suprema” corte do nosso país julgar que o aborto de crianças anencéfalas não é crime. Digo lamentavelmente porque de fato o é.
Vivemos em um país que a partir de agora entende que seus filhos mais débeis, mais frágeis devem morrer antes mesmo de nascer. E neste mesmo país se protegem filhotes de todas as espécies com uma determinação excepcional. Nada contra a guarda que se faz em nome dos filhotes (aqui destaco os ovos de tartaruga - Se alguém destruir esses ovos nas áreas de desova comete crime contra a fauna, espécie de crime contra o meio ambiente - Lei nº 9.605/93).
Também sou favorável a essa proteção patrocinada pelos ambientalistas e pelos governos que sensibiliza a todos. Entretanto precisamos ser lógicos e estender esse raciocínio a espécie humana (deveria ser o contrário, mas...). Estamos falando aqui da cultura de sacrifício, onde aqueles que não são perfeitos devem ser sacrificados, mortos, abortados, antes que causem pânico, perplexidade ou “excesso de piedade” nas pessoas.
É a mesma cultura do Big Brtoher, que há mais de uma década temos enfatizado no Brasil, onde aqueles que não nos servem como desejamos, nós os eliminamos, essa mesma cultura que faz a violência campear em nosso país, porque se torna mais “prático” eliminar os diferentes a conviver com eles.
Para que lançar mão de uma gravidez se minha criança não vai nascer perfeita e linda? Para que entrar num jogo se não for para ganhar? Para que então viver se um dia todos vamos morrer? Começamos a legitimar a perda definitiva de nossos valores enquanto pessoas. Iniciamos um processo gradual de degradação do conceito de pessoa humana. Salvem as tartarugas indefesas! Morte às crianças indefesas e frágeis antes que elas cheguem a vida e nos causem horror! Esse é o grito que nosso país, através de sua suprema corte proclama em nome de nossa nação. Isso sem contar que esta decisão amplia a possibilidade para que as outras formas de aborto sejam aprovadas no Brasil.
Então O que significa a vida? O que significa a gravidez? A vida começa a ser colocada em questão no Brasil. Detalhe: a vida humana. Porque a vida animal já se entende importantíssima e inviolável – é crime! Estamos começando a considerar que quem tem deficiências não devem viver, não precisa viver, porque isso causa um desconforto e um mal-estar aos que são “perfeitos”. Isso abre uma série de precedentes que prefiro nem começar a comentar porque são macabros. Vamos esterilizar as pessoas não saudáveis do nosso meio? Morte aos “anormais”? É isso que começamos a dizer?
Em parte quero chamar a atenção para um Congresso Nacional paralítico que se permite ser ultrapassado constantemente pela justiça que não espera pela sua letargia e começa a decidir questões importantes ignorando a vontade popular de um país inteiro, que foi escanteado – como de costume nas decisões do STF e do próprio Congresso – na sua opinião a respeito do tema.
Trago aqui a consideração do caríssimo Arcebispo Auxiliar de Aracajú, o alagoano Dom Henrique Soares: “A ‘mãe gentil’ a partir de agora será assassina de seus filhos mais débeis. Que pena, Brasil!”
E concluo deixando um trecho da nota da CNBB sobre a decisão do STF, para nossa reflexão:
“Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente, não aceita exceções. Os fetos anencefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais vilipendiados!”
@adalberonjr
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