SENTIMENTO PÁTRIO

  • Jairo Xavier - Juiz de Direito, Jornalista e Radia
  • 30/03/2016 05:33
  • Jairo Xavier

              Povo nas ruas. Agitações, manifestos, barulhos estridentes, panelaços, palavras de ordens, agressões verbais e físicas, gritos, lágrimas, medos, tudo isso e muito mais, representam instantes de grandes espectatívas e tensões, cujas vibrações e ousadias, refletem verdadeiramente em gestos de cidadania, pois, a sociedade é sempre a caixa de ressonância do governo, sob a tutela da democracia.

            Justificáveis até certo ponto, esses movimentos; porque representam inarredavelmente sinais de interesse de um povo, cujas garantias constitucionais vislumbram o direito, em defesa de um país mais livre e soberano. Protegidos, esses movimentos, mesmo em suas adversidades, pelas cores de suas bandeiras, se misturam aos tons do verde e amarelo, buscando uma consciência cidadã.

            Não se pode é admitir jamais, a anarquia, o vandalismo, pois geraria a bagunça, o desrespeito, a banalização, o engôdo, a violência. Dessa forma ingressaríamos na contramão do tempo. A conscientização do povo é deveras necessária para o enriquecimento de nossa cultura e  engrandecimento pátrio. Mas, é preciso refletir... renunciar e, até mesmo perdoar aos contrários.

            O que vivenciamos no presente, não é tão diferente de um passado tão recente, quando jovens, misturados aos diversos segmentos sociais, foram em passeatas pedir o impeachment do Presidente Collor. Mas há quem sustente e defenda que àquele, por acaso fosse hoje julgado seria pelo foro do Juizado de Pequenas Causas (pela insignificante motivação).

            A grande verdade ainda estar por vir, tudo por conta de um imbróglio que pode estar sendo gerado (politica e justiça), não deve ter nunca uma mistura positiva, porque não garantiria em sua sensatez, a oxigenação democrática a que se pretende. É como se a água e o óleo, em análise química, quisessem ficar juntas. Decisões tem que ser impessoais e independentes em sintonia com a imparcialidade. “Cada macaco no seu galho”.

            Em todos os episódios da vida, sejam eles, bons ou maus, tiramos sempre grandes e inesquecíveis lições e, isso é o que enseja contemplar nossos valores, quanto ao denodo, a ética, a independência, também quanto a necessária imparcialidade, para assim alcançarmos a verdade, em detrimento da competência. De ressaltar a lembrança do respeito e do zelo pelas garantias constitucionais de nosso país.

            O estado de beligerância não poderá ter espaço, não devendo imperar em face de manifestos erros, pois os seus eventuais acertos certamente virão com o tempo, perante as leis que asseguram e preservam a vontade pátria e, assim, garantidas pelas nossas maiores instituições, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, corolários da nossa organizada democracia.

            Finalmente, entendo que tudo o que se fizerem por este país hoje, estarão por certo o fazendo em direção ao nosso povo, que em lágrimas e sofrimentos, ainda clama, espera e confia pela verdadeira justiça. De lembrar, que o povo que elege é também, o povo que derruba. Que a desídia dos eventuais contendores, não sirvam nunca de reflexos que representem no futuro, prejuízos aos nossos filhos e netos, em respeito ao nosso sentimento pátrio.