ASCENÇÃO E QUEDA

  • Jairo Xavier Costa - Juiz de Direito, jornalista e
  • 16/03/2016 06:44
  • Jairo Xavier

 

                        Era adolescente ainda, quando vivenciei a trajetória politica de um líder sindical, pessoa sobre a qual, com o passar dos tempos pude conviver e aprender muitas experiências de vida, tratava-se de gente simples, organizada e determinada em seus objetivos.

                        Ajudei em seus planos, lhe assessorando e, contribuindo para a sua evolução política, já que era notável o seu poder de decisão sobre matérias diversas em nível de conhecimento, destacando-se ainda mais, quando se tratava de assunto de cunho sindicalista.

                        Contribui para as suas eleições e reeleições sucessivas, desde quando o interesse social dos associados da entidade era respeitado. Mas o poder com o tempo, subiu para a cabeça daquele meu amigo e, já não era mais aquele que eu o conhecera.

                        Sua arrogância marcou um outro lado de sua personalidade, era a posse de bens materiais, onde o dinheiro já estava dominando o seu ser. Já não sabia pedir, mas impor, já não queria favores mais exigia-os a sua maneira,  aos seus interesses.

                        O tempo passou e com ele as lições que tiramos em repercussão àqueles acontecimentos. Assisti-o nervoso e aos gritos, negando uma lata de leite a um associado que implorava humildemente o seu pleito, foi quando lembrei-me de uma frase dita por minha querida avó: “nada é tudo e tudo é nada”.

                        Retruquei em tempo, buscando os meus valores, mesmo ainda adolescente, avoquei para mim, os sentimentos sofridos por àquele pai de família que teve o seu pedido indeferido. E, num momento mágico, interferi na conversa e, fiz meu papel como humano, doei ao associado mais da conta do que necessitava.

                        E, quando ele deixava aquele recinto ainda com lágrimas nos olhos, lhe disse: “não se preocupe, do jeito que o fizemos Presidente da classe, vamos retirá-lo nas próximas eleições”. Quem viver verá ?

                        Os tempos se passaram mas, a missão foi efetivamente cumprida e, por uma diferença de apenas dois votos, aquele que um dia subiu, subiu e ascendeu...!  Sentiu na pele a sua derrota, ficando a lição de que ninguém nunca deve humilhar o seu semelhante, sobretudo, quando lhe negara o alimento para o seu filho.

                        Na vida, quando em vez, nos deparamos com cenas que tais; e, o pior é que os poderosos continuam arrotando dignidade sem ter o mínimo de escrúpulo. Partilhar o pão é preciso e, a humildade é a palavra mágica de quem assim aje, porque perserverará por certo a razão de sua existência e de sua comunhão para com o nosso criador.

                        Por fim, a lembrança de uma pequena conversa, naquela época : “se tudo que subisse não caísse, o céu era por certo, cheio de tabocas”. Pois é, os fogos dos pistolões, sobem, sobem e como sobem... E, quando caem, caem e, como caem... uma verdadeira desgraça. Que fique registrado para a posteridade esse ensinamento.