A história da cidade de Palmeira dos Índios sempre esteve e está ligada ao cinema, basta voltarmos um pouco no tempo, desde as matinês do Cine Helvética, nos anos de 1920, citado nas crônicas de Graciliano Ramos, passando pela filmagens do clássico “Vidas Secas”, nos anos de 1960 – que apresentou ao mundo um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos, o filho da terra, Jofre Soares –, passando pelo Festival Brasileiro de Cinema de Penedo, nos anos de 1970, em que Palmeira dos Índios teve destaque com algumas produções, entre outros. Nesse ínterim, anos passaram e a cidade ansiava por um reavivamento no cenário cultural cinematográfico, e ele chegou.

Há quase uma década, Palmeira dos Índios vem vivenciando novas experiências cinematográficas. Em abril de 2012, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) divulgou a lista dos vencedores do 2º Edital do Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas. O primeiro nome a encabeçar a lista, aparecendo na categoria como diretor estreante é do Palmeirense Ailton da Costa Silva Júnior, tendo escrito um roteiro de curta-metragem de ficção intitulado “Sobre Relógios, Sonhos e Liberdade”. Ailton da Costa ganhou um prêmio da UNESCO, por seu curta-metragem “Travessias de Sangue”, só para citar alguns e, mais recentemente, ganhou o edital do Itaú Cultural, para produzir um Documentário sobre a vida e trajetória de “Jofre Soares: do picadeiro ao Cinema Novo”, ele está filmando freneticamente.

Mais ou menos nessa época, o diretor, professor, escritor, músico e cineasta, Mário Zeymison começou a documentar o cancioneiro popular da região, num documentário que já está na fase final de pós-produção. E não parou por aí. Ele continuou a produzir vários curtas e iniciou uma disciplina eletiva na Escola Estadual Humberto Mendes, de Ensino Integral, ensinando aos nossos alunos, como produzir um curta-metragem, enquadramento de câmera, roteiro, fotografia, edição, entre outros... O professor Mário Zeymison, ganhou, ano passado um prêmio por seu curta “O Saldo da Guerra”... São dois jovens cineastas que têm elevado Palmeira dos Índios novamente ao panorama do Cinema Brasileiro.

E os frutos desse “reavivamento cinematográfico” já começam a ser colhidos. Fato comprovado pela recente premiação do Curta-metragem “Caminhando e Cantando” dos alunos Júlia Maria e Raí Araújo da Escola Estadual Humberto Mendes, orientados pelo Professor Mário Zeymison (responsável pela Eletiva de Audiovisual do Ensino Integral da Escola).  A produção conta a história de um catador peculiar, que faz uso da música enquanto labuta o seu pão de cada dia. O filme ganhou, na última sexta-feira, o primeiro lugar – entre mais de 270 produções do Brasil inteiro – na categoria “teen”, na 8ª edição do CELUCINE, Festival de Cinema de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. E estará concorrendo também, no Festival de Cinema de Vitória da Conquista, no Estado da Bahia e em muitos outros festivais brasileiros e estrangeiros também.

Tudo isso são resultados de muito trabalho e empenho. Ano passado, por exemplo, na mesma Escola Estadual Humberto Mendes, Júlia Maria e sua colega de sala, Lisandra Silva dos Santos, foram finalistas na categoria Audiovisual, cada uma delas com um curta-metragem, no 3º Encontro Estudantil do Estado de Alagoas, vindo a ganhar o primeiro e segundo lugar, respectivamente. Ou seja, em pouco mais de um ano, a Escola Estadual Humberto Mendes, sob a Direção do Professor André Galindo Fidelix e do Professor Mário Zeymison (professor do audiovisual) colocaram Palmeira dos Índios novamente no cenário do cinema brasileiro.

Nas palavras do Professor Mário Zeymison: QUEM TIVER INTERESSE EM SABER COMO FAZER UM FILME VENCEDOR, A RECEITA É SIMPLES, CONTEM AS HISTÓRIAS DE VOCÊS... PORQUE AS HISTÓRIAS MAIS BELAS ESTÃO DENTRO DE NÓS... O CINEMA, NADA MAIS É DO QUE “SE DIVERTIR PENSANDO.” Tamanho é o sucesso das produções cinematográficas da Escola Estadual Humberto Mendes, que a cada ano o número de estudantes que optam pela Eletiva de Audiovisual só vem aumentando.

E, nesta segunda-feira, a cidade de Palmeira dos Índios recebeu os jovens vencedores com muita alegria. A Escola parou para homenagear e agradecer pelo feito inédito no Estado de Alagoas. Mais uma vez, a máxima, proferida pelo grande Glauber Rocha, é atualíssima: UMA CÂMERA NA MÃO E UMA IDEIA NA CABEÇA, se vai longe... Parabéns por vosso empenho, Professor Mário Zeymison... Parabéns Júlia Maria de Raí Araújo, vocês estão fazendo a diferença e, mais importante – nas palavras do diretor André Galdino: MOSTRANDO QUE UM DOCUMENTÁRIO PRODUZIDO NO CHÃO DE UMA ESCOLA PÚBLICA, NO CHÃO DA ESCOLA ESTADUAL HUMBERTO MENDES, É UMA EMOÇÃO INDESCRITÍVEL.