Morre o Fotojornalista "Edson Silva" – Um Cineasta Que Poucos Conheceram

  • Edmilson Sá
  • 25/06/2017 17:47
  • Edmilson Sá

A primeira vez que tive contato com Edson Silva, eu ainda andava, no início dos anos de 1990, quando ele e um amigo, alugaram uma sala pequena, com várias poltronas, no segundo piso do Hotel São Bernardo, para projetar filmes em VHS, uma pequena sala de cinema, na qual fui várias vezes – ainda lembro de ter assistido O Rei do KickBoxers, era o ano de 1991.

Depois, quando participei de uma audiência pública, no final da mesma década, na Casa Museu Graciliano Ramos, sobre o problema da água em nossa região. Houve uma certa agitação quando o Coordenador da Casal, à época, disse que “não conhecia ninguém que havia morrido por causa da água de Palmeira dos Índios”. Para a infelicidade desse coordenador, o próximo a falar fui eu e disse: “pode não ter morrido, mas ficaram de cadeira de rodas”. Todos olharam para mim, inclusive Edson Silva, sempre atento e esperando o momento certo para captar com sua câmera, a foto perfeita. Foi dessa forma que saí, pela primeira vez, no Jornal Gazeta de Alagoas, minha foto e minha denúncia.

Mais tarde, quando estava fazendo as primeiras pesquisas sobre o cinema em Palmeira dos Índios, para a minha Monografia, para a conclusão do Curso de História, lá se vai mais de 10 anos. Eu o conhecia como fotógrafo, projecionista e fotojornalista freelancer; mas quando li o Livro do Professor de Jornalismo e Cinema, Elinaldo Barros, Panorama do Cinema Alagoano, que, ao descrever o primeiro Festival do Cinema Brasileiro de Penedo de 1975. A programação previa a mostra competitiva de Super-8 (superoitistas), e chamou-me a atenção quando encontrei o seguinte:

“Seis produções alagoanas em Super-8 tomaram parte da mostra competitiva: Crise, de Joaquim Alves; Encontro com Pierre Chalita, de Júlio Simon; PALMEIRA EM FOCO, de EDSON SILVA; Festa de Bravos – Vaquejada, de Denício Calixto; A Maldição de Klemenn, de Mário Jorge Feijó e Reflexos, de Celso Brandão.” (BARROS, 1983)

Era o mesmo Edson Silva, o Javali, que tantos conheciam, mas poucos, pouquíssimos sabiam que ele, como cineasta, levara o nome de Palmeira dos Índios, para o mais importante festival de Cinema de Alagoas, à época, bem prestigiado no país. Passados mais de 40 anos, PALMEIRA EM FOCO, se faz tão urgente, nos dias atuais, quanto na época do filme. Fica o exemplo dele, pois, nos dias atuais, SÓ PRECISAMOS FOCAR UM POUCO PARA VER AS MAZELAS SOCIAIS.

Em muitas outras conversas, ele lamentava nunca ter tido patrocínio/incentivos para a produção de cinema em Palmeira dos Índios. Mas lembrava e descrevia com detalhes, como se podia fazer uma câmera de cinema e uma projeção. Como podia pegar, em menos de um segundo, a foto perfeita. Foi assim que, quando o ex-Presidente Lula e sua comitiva, estiveram em Palmeira dos Índios, junto com ele, a à época, candidata a Presidente, Dilma Rousseff, discursaram no Estádio de Futebol Juca Sampaio. De repente, a hoje, ex-Presidente Dilma, se aproximou de mim, me abraçou, posou para seus fotógrafos e, há mais de 50 metros de distância, do outro lado do campo, Edson Silva focou sua lente em nós e eternizou aquele momento.

Criticado por uns, conhecido por outros. Hoje, se perguntam como ele morreu. EU PREFIRO LEMBRAR COMO ELE VIVEU, AOS CLIQUES, EM BUSCA DA IMAGEM PERFEITA. Descanse em Paz, amigo.