Nesta sexta-feira, dia 28 de abril de 2017, o economista/liberal Ricardo Amorim, declarando sua opinião sobre a Greve Geral, afirmou: “Greves nasceram para exigir justiça e avanços; a de hoje é para impedi-los.” Assim como ele, muitos têm essa opinião. E, pasmem, para o grupo do qual ele faz parte, incluindo grandes magnatas/investidores/empresários/políticos, eles estão certos. No entanto, ele e os que comungam das mesmas ideias, e pensam estar certos, um pouco de história, até pode ajudar a entender melhor esse dilema ideológico liberal. Voltemos então, aos séculos XVII e XVIII, na Era das Revoluções – as Revoluções Burguesas – na Inglaterra e na França. Em ambas, quando a Burguesia Liberal, chegou ao poder – COM A AJUDA DO POVO –, FOI O PROJETO POLÍTICO/ECONÔMICO DA BURGUESIA, E NÃO O DAS MASSAS, DO POVO, QUE FOI COLOCADO EM PRÁTICA. Ou seja, os interesses liberais/burgueses/capitalistas, ainda hoje, estão sempre na pauta das discussões, pois são eles os detentores do poder econômico; eles não pensariam diferente. POIS, PENSAR EM GREVE, para eles, SIGNIFICA PERDER CAPITAL.
A declaração dele, em parte, está certa; mas falta-lhe algo que talvez ele nunca aprenderá, que é VER, VIVER, SENTIR E TRABALHAR, COMO UM DO POVO. Dessa forma, vamos às respostas: “O direito é o trabalho sem tréguas, e não somente o trabalho dos poderes públicos, mas sim o de todo o povo.” (Rudulph Von Ihering, A LUTA PELO DIREITO, 1818-1892)
No art. 9º da Constituição Federal de 1988, é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores DECIDIR sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os INTERESSES que devam por meio dele defender.
Sobre a Etimologia/significado e origem da palavra GREVE:
A palavra origina-se do francês "grève", com o mesmo sentido, proveniente da “Place de Grève”, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e depois, local das reuniões de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho. Daí o nome da praça e o surgimento etimológico do vocábulo, usado pela primeira vez no final do século XVIII.
Originalmente, as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das seguintes situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores condições, por temor ao desemprego, ou o empresário atendia total ou parcialmente as reivindicações para que pudessem evitar maiores prejuízos devidos à paralisação.
Realmente, as Greves nasceram para exigir justiça e avanços, MAS NÃO SÓ PARA ISSO, caro economista. TEM MUITO MAIS: “Greve é a cessação (suspensão) coletiva e voluntária do trabalho, realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, reajuste das perdas salariais, melhoria de condições de trabalho ou DIREITOS TRABALHISTAS, ou para EVITAR A PERDA DE BENEFÍCIOS. Por extensão, pode referir-se à cessação coletiva e voluntária de quaisquer atividades, remuneradas ou não, PARA PROTESTAR CONTRA ALGO (de conformidade com a "Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)", Estatutário, entre outros, legalmente regulamentadas na Constituição Federal.”
Eu nunca fui de Direita, também não ando fazendo apologias à Esquerda – embora me identifique com ela. Mas, se a Esquerda errou, tem que prestar contas... Como disse minha colega de trabalho, Isabel Cristina, EU SOU UM TODO, E NÃO UMA METADE. E a LAVA JATO, quer queira ou não, escancarou e está expondo boa parte da obscuridade política brasileira. Em que pesem que, nem o Poder Judiciário, está imune à corrupção, resta-nos um OLHAR MAIS INTROSPECTIVO, MAIS CRÍTICO E MAIS CORAJOSO TAMBÉM, PARA NÓS MESMOS E, PRINCIPALMENTE, SOBRE O NOSSO PAPEL DE CADA DIA, COMO CIDADÃOS.
As diferenças políticas/partidárias e ideológicas estão mais acirradas do que nunca. Infelizmente, quem mais sofre é o Povo. Pois é ele quem paga as contas das ingerências da Administração Pública, direta ou indireta, da corrupção. Ironicamente, é este mesmo Povo, quem detém a soberania, numa democracia, mas que precisa entender o seguinte: TODO PODER EMANA DO POVO, parágrafo único do Art. 1º da Constituição Federal de 1988.
Muitas foram as manifestações, pelo país à fora. Aqui, em Palmeira dos Índios, a participação popular – dos TRABALHADORES da cidade – buscou também ser ouvida. Em frente à Prefeitura, depois de muitos falarem, eu exclamei: É PRECISO SER POVO, VIVER COMO UM DO POVO E SENTIR COMO UM DO POVO, PARA SE TER UMA IDEIA DO QUE REALMENTE É MELHOR PARA O POVO. Nós somos os mandantes, eles, os mandatários, mas ESTAMOS SENDO REPRESENTADOS POR ELES? Os problemas do país, serão solucionados com as Reformas da Previdência e Trabalhista? OU PRECISAMOS, URGENTEMENTE RESOLVER ALGO MAIS NEFASTO – DANOSO – E QUE HÁ SÉCULOS, EM TERRAS BRASILEIRAS, TOLHE TODAS AS TENTATIVAS DE MELHORIAS SOCIAIS? OU SEJA, A CORRUPÇÃO. Sou a favor de mudanças, mas que elas sejam para todos, não apenas para os menos favorecidos. E QUE ESTAS MUDANÇAS, SE OCORREREM, PRESERVEM AINDA, AS DIFERENÇAS DE GÊNERO, A INTEGRIDADE FÍSICA DO TRABALHADOR, A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Assim, é preciso lembrá-los(as), que nós Escolhermos que tipo de Pessoas queremos Ser... A Greve DOS TRABALHADORES DO BRASIL, nesta sexta-feira, só Mostra que Tipo de Pessoas Somos e o porquê de insistirmos na Greve. E não tem nada a ver com Esquerda ou Direita; mas tem tudo a ver com as consequências das Revoluções Burguesas, que transformaram o mundo Ocidental e criaram a nossa modernidade. Mais do que nunca, LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, são tão urgentes hoje em dia, quanto na Era das Revoluções.