Todo início de ano, depois de muitas comemorações, há grandes expectativas. A figura de Jano (Janeiro) é associada a portas (entrada e saída), bem como a transições/mudanças. É um deus de face dupla que também simboliza o passado e o futuro. Jano é o deus dos inícios. Daí o porquê, todo começo de ano, vir carregado de expectativas/esperanças, de um bom começo de ano. Não sou um pessimista, mas temos vivido TEMPOS TRABALHOSOS, num país que ainda continua a reproduzir desigualdades sociais (há que se lembrar que muitas políticas sociais tiraram milhões da miséria, mas criaram uma massa dependente do Estado); todavia, as novas políticas governamentais reproduzirão, demasiadamente, uma sociedade em que alguns poucos serão beneficiados e, muitos não.
Neste início de ano de 2017, o futuro nunca foi tão incerto. Como então, olhar para traz/passado recente, de descaso/ingestão e, depois, para um futuro de esperança/crescimento? Quando o País inteiro, Estados e Municípios, convulsiona e dá argumentos de que, pelo menos, só se erguerão em anos. Em que professam que só através de políticas de arrocho, podem sanearem as contas públicas, para voltarem à estabilidade e crescimento.
Daí, para solucionar “todas as mazelas” do Estado brasileiro, a PEC 241/55, a Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, entre tantas outras “reformas” são votadas – muitas delas, com pleno desapoio popular – tivemos políticos que declararam que eles, os representantes dos Estados (Senadores) e do Povo (Deputados Federais), não têm que atender aos reclames da população. A sensação é de que o GOVERNO QUER JOGAR AS CONTAS DOS PRÓPRIOS ERROS NAS COSTAS DA SOCIEDADE. Já falei e torno a dizer: O MAIOR PROBLEMA NO BRASIL, NÃO É E NUNCA FOI A FALTA DE DINHEIRO... NOSSO MAIOR TRANSTORNO É A CORRUPÇÃO, QUE CORRÓI A SOCIEDADE E SUCATEIA OS SERVIÇOS ESSENCIAIS – SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA, ENTRE OUTROS. No Rio de Janeiro, por exemplo, mesmo com tantos problemas urgentes, na SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA, uma OLIMPÍADA (que custou pelo menos 40 bilhões) foi priorizada e alardeada por políticos, economistas, pelas mídias de massa e teve grande apoio popular, como um sucesso, em detrimento dos serviços estatais, daquele Estado. E, qual foi o resultado? A falência do Estado e da Cidade Maravilhosa. Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, estão à beira da falência e seguem-se a eles, a maioria dos Estados brasileiros – que não são de uma única corrente partidária, muitos são/eram oposição ao governo petista.
Mas, os neoliberais têm a “solução” com planos diferentes/mágicos; eles acreditam fielmente que o TRABALHO, e somente ele, vai salvar o país. Nem que para que isso aconteça, tenhamos que congelar por 20 anos os investimentos na EDUCAÇÃO, SAÚDE e outros setores sociais. APRENDERAM E QUEREM NOS CONVENCER, DE UMA HORA PARA OUTRA, QUE SE PODE CRESCER PARALISANDO OS INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO – ESTA, QUE É A MOLA PROPULSORA DE TODAS AS MUDANÇAS E CRESCIMENTO ECONÔMICO. Estes POLÍTICOS, são adeptos daquilo que o cineasta brasileiro “Sérgio Bianchi” chamou no seu filme, CRONICAMENTO INVIÁVEL, de “Uma Perfeita Forma de Dominação Autoritária, O TRABALHO”:
(...) Podem falar o que quiser, mas se todos tiverem “trabalho”, os problemas com a “liberdade” ficam mais simples (...).
Mas é interessante como ainda se insiste em criticar o Sul. É claro que é só inveja do projeto sulista. Enquanto o resto do Brasil se esforça pra escravizarem o suficiente para garantir a exploração da forma conhecida... Arrancaram a vegetação nativa, mataram todos os índios e trouxeram seus próprios escravos: poloneses, ucranianos... Aí botaram todo mundo pra trabalhar e pronto!
...Se todo mundo gosta de trabalhar, por que a gente não desiste da felicidade preguiçosa e importa de uma vez por todas a civilização europeia? Só que daí a gente vai ter que trazer, também, o que fizeram questão de esquecer por lá: os movimentos revolucionários, as guerrilhas, o terrorismo, a anarquia...
Há pouco mais de seis (6) décadas, Ray Bradbury, na sua obra-prima FAHRENHEIT 451 – uma distopia social –, já discutia os riscos e os resultados a que uma sociedade que só busca no trabalho/economia, a solução de todos os problemas, estaria fadada, bem a cara do Brasil, atualmente e num futuro próximo:
“– A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é o que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?”
Entendo que as soluções não serão de curto prazo. A má gestão, e ela vem de muito tempo atrás, basta lembrarmos de quando a Presidência da República declarou que a CRISE ECONÔMICA MUNDIAL, CHEGARIA NO BRASIL, APENAS COMO UMA MAROLINHA. Ainda há outra praga – os governos de coalisão, que impregnou União, Estados e Municípios contamina a COISA PÚBLICA:
Há 500 anos, Nicolau Maquiavel já alertava para os perigos de se confiar nos “Boanerges” (Mercenários), pois, ao primeiro sinal de perigo, estes, abandonam o seu posto... Ou, mais drástico ainda, passam muito facilmente para o outro lado quando as ofertas da oposição são mais atraentes.
Temos uma crise que há décadas é um câncer para a sociedade, uma doença na política, e um sintoma social – que mantém na ignorância, a maior parte da população. E que, num Estado Democrático de Direito – A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA ou A POLITIZAÇÃO DA JUSTIÇA – agora se presta a regrar, unilateralmente, as bases democráticas da nação. Dessa forma, penso que não estamos mal só de políticos não – o que A LAVA JATO provou, de uma vez por todas, mas temos uma crise de representatividade, até mesmo nos espaços ditos impossível de serem contaminados com essa política, o Judiciário. Mas é só ingenuidade de quem vos escreve, pois há muito sabemos que não há imparcialidade – como dizia Carnelutti: "Se Somos Gente, Então Somos Parte, Somos Parciais". Porém, também não temos bons ECONOMISTAS, porque se tornam burocratas, quando assumem as pastas do governo. SE CRIAM POLÍTICAS SOCIAIS, ESTAS, SÓ TRAZEM DÉFICIT AOS COFRES PÚBLICOS. E, SE QUEREM ENXUGAR AS CONTAS PÚBLICAS, JOGAM OS ENCARGOS PARA OS MAIS POBRES PAGAREM.
“Povo que não aprende a sua História está condenado a repeti-la”. Dessa forma, estamos fadados a errarmos de duas maneiras: SE A SITUAÇÃO ESTÁ RUIM, SOMOS CULPADOS, PORQUE NÃO FIZEMOS NADA OU MUITO POUCO PARA MUDÁ-LA... E, SE, POR OUTRO LADO, A SITUAÇÃO ESTÁ TÃO BOA ASSIM, COMO ALGUNS DECLARAM, ERRAMOS TAMBÉM, POR PENSARMOS QUE JÁ NÃO PRECISÁVAMOS FAZER MAIS NADA.