“Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem.” (Eric Hobsbawm)

Quando Criança, Eu Andava com os pés no chão, nunca ficava doente. Levava chuva e nunca resfriava. Caía, bagunçava, brigava, aprontava. Fazia "arte" de todo o tipo... Jogava Pião, Bola de Gude, brincávamos de Pega-pega, Queimada, no meio da rua. Bang-bang, Pulávamos Amarelinha, Corda e Elástico. Vivia a praticar cigarras. Ouvia as histórias de Trancoso, que nossos Pais e Avós contavam. Recitávamos Cordéis (ainda hoje, em casa, fazemos recitais de Cordel), logo depois do jantar. Não se perdia tempo assistindo TV e/ou nas Redes Sociais, somente. A Grande Aventura era ir para a Biblioteca Municipal para ler, para descobrirmos o mundo e degustar a vida... Nos finais de semana, para encontrar os amigos, íamos à Praça, simplesmente matar a vontade de ver o outro, de estar perto e sentir o outro... E, quando conversava com os amigos, fazia-o Cara a Cara, não por telefone, e-mail, redes sociais... Pois é, Ainda hoje eu prefiro o "Bafo". Sentir o calor do outro... Um abraço, um olhar. O toque, o odor também, rssss...

São Coisas que estão se perdendo no tempo, mas que são inerentes à vida em sociedade... Uma geração que vivenciou tais experiências na pele, no suor, na chuva, no barro, na lama – sim, brincar na chuva ou na lama era outra grande aventura... Tudo isso ao natural... Quem fez isso tudo na sua Infância, pode se considerar filho de uma Geração Privilegiada... Isso não indica que as gerações de agora não são boas, não têm bom gosto - ao contrário, cada geração tem sua maneira própria de aproveitar a vida, de brincar, de aprender, de passar o tempo, de resolver seus próprios problemas... Não sou um Ludita – que tem aversão à tecnologia... Aliás, tenho a maioria delas e as uso, mas tento fazê-lo com cautela e buscando não ser totalmente dependente delas. O que se coloca em pauta é a qualidade, as sensações que obtemos atualmente, que, não raro, são cada vez mais Impessoais – insípidas, inodoras, sem cor, sem vida.

A TV tomou o lugar das Noites Familiares. A Net (que é uma das melhores invenções do mundo - um MILAGRE) está entre nós e o outro, nossos Amigos. Ela é maravilhosa, pois aproxima-nos dos que estão distantes de nós; contudo, ela, quando não bem usada, nos distancia de quem está ao nosso redor. Precisamos fazer mais que digitar belas mensagens ou enviar rostos fofinhos. Esta "Modernidade", tem-nos tirado muito do nosso tempo, nos escravizando e nos mantendo informados, na maioria das vezes, apenas, de tudo o que é "Efêmero". Há Tempo Pra Tudo (Eclesiastes 3:1-8). Leiam "O Pequeno Príncipe" páginas 46 a 49, sobre “Utilidade”. A nossa utilidade precisa ter um sentido mais palpável e menos virtual, ela deve ser vivida. Saber o que fazer com o muito ou pouco tempo que nos resta é fundamental. Em “Hamlet” Ato Quarto Cena IV, vemos a seguinte pergunta: “Que valeria o Homem se o bem principal de sua vida consistisse somente em comer, beber e dormir? ... Não passaria de um animal. Sem dúvida alguma, aquele que nos criou com tão grande inteligência, que abrange o futuro e o passado, não nos deu tal faculdade e a divina razão par que em nós mofasse por falta de uso”.

A infância é algo tão precioso e fundamental que, segundo à psicanálise, grande parte dos problemas nossos, na vida adulta, se deve, de fato, aos traumas que ocorreram nesta fase da vida... Mas, então, como vemos a Infância, hoje em dia? Em A INVENÇÃO DA INFÂNCIA (2000), Curta-metragem de Liliana Sulzbach, "SER CRIANÇA NÃO SIGNIFICA TER INFÂNCIA". Uma vez que VIVEMOS NUM MUNDO DE IGUAIS - sem distinção entre o mundo dos adultos e das crianças. Ou seja: NUMA ÉPOCA NA QUAL CRIANÇAS PODEM TRABALHAR COMO ADULTOS, CONSUMIR COMO ADULTOS, PARTILHAR DAS INFORMAÇÕES COMO ADULTOS, NÃO RECONHECE O MUNDO INFANTIL COMO DIFERENTE OU ESPECIAL... UM MUNDO ONDE ADULTOS E CRIANÇAS COMPARTILHAM DA MESMA REALIDADE FÍSICA E VIRTUAL, É UM MUNDO DE IGUAIS... Então, como ter um feliz dia das crianças? Estamos dando às nossas crianças a oportunidade de ser, verdadeiramente, crianças? Ou elas já vivem se vendo, sentindo, fazendo, o que nós, adultos também o somos?

Talvez tenhamos levado muito a sério a declaração de Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; desde que me tornei homem, deixei as coisas de menino” (I Coríntios 13:11). Hoje, sou um homem, mas, de vez em quando, me permito ser um menino. Tudo bem que sejamos adultos e, muitos de nós, esquecemos o quão especial é ser Criança. Mas podemos proteger a Infância delas... Deixando-as serem Crianças... Termino “declarando que escrevi segundo o melhor do meu conhecimento, dizendo que o tempo passou para nós e nossa vida também passou como se fosse um sonho” (Jacó 7:26). Por fim, quando puderem, corram mais, brinquem mais, abracem mais, sorriam mais... Sejam mais crianças... Amem desmedidamente e Vivam mais... FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!! Abraços...

P.S.: NESTA QUARTA-FEIRA ESTAREI COM AMIGOS, EM CARNE E OSSO, PARA ASSISTIRMOS BONS FILMES, FALARMOS SOBRE ELES... ALÉM DE JOGAR VÍDEO GAME... JOGAR CONVERSA FORA, BRINCAR E APRONTAR... OU SEJA, DE VOLTA À VELHA INFÂNCIA...