O adolescente D. S., de 14 anos, é um dos milhares de jovens da periferia de Maceió que tiveram seus caminhos cruzados com as drogas precocemente. Durante palestra de prevenção e combate ao uso de drogas promovida pela Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal), na Escola Estadual Dom Adelmo Machado, no Vergel do Lago, em Maceió, nesta quinta-feira (14), o estudante compartilhou sua história.

      O jovem contou ao psicólogo da Polícia Federal (PF) Keginaldo Paiva, que prestou esclarecimentos sobre o tema para 130 alunos do ensino fundamental, que deixou de consumir maconha, crack e cocaína há cerca de dois anos.“A droga só leva a dois caminhos: presídio ou morte. Hoje eu não quero saber mais delas, pois só estragam a vida de quem usa, da família, e, principalmente, da mãe. Felizmente, percebi cedo que elas não prestam, mas para isso tive de ver amigos sendo presos ou até mesmo mortos”, disse.

      O adolescente revelou ainda que, embora seu contato com as drogas tenha sido breve, ele sentiu na pele os efeitos do vício e teve o rendimento escolar prejudicado. “Depois que conheci esse caminho, eu só vinha à escola bagunçar. Cheguei a perder dois anos letivos. Hoje a diretora elogia minha mudança.”, relatou.

      De acordo com o palestrante e psicólogo Keginaldo Paiva, integrante da Coordenação de Combate às Drogas da PF, a palestra serviu para alertar os estudantes sobre os perigos trazidos pelo consumo de drogas, bem como para resgatar neles o sentimento de cidadania. “ Acredito que os esclarecimentos melhoraram a autoestima desses adolescentes, já que mostramos que eles são importantes e que, como cidadãos, também têm direito à informação”, disse.

Para a diretora da Escola Estadual Dom Adelmo Machado, Joelma Barreto, a inciativa do Judiciário alagoano foi bem-vinda, já que o tráfico e consumo de drogas são alguns dos maiores problemas enfrentados pela população do Vergel do Lago.

      “Aqui na escola, todos os dias a gente lida com casos de alunos que chegam drogados ou que faltam às aulas por esse motivo. A facilidade para entrar nas drogas lá fora é grande, e competir com essa realidade é o maior desafio do professor, uma vez que as drogas parecem ser mais atrativas do que as aulas. Um parceria como essa, que viabiliza informação aos alunos por profissionais capacitados, só vem para somar”, desabafou.

      A representante do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), Ana Valéria Pitta, também avaliou a parceria entre a Justiça e o Estado no combate às drogas. “Este trabalho é muito importante, e isso vem sendo mostrado à medida que a gente tem ido às escolas localizadas nas regiões mais pobres da capital. Nessas instituições, os alunos nos recebem abertamente, participam das atividades e demonstram a ansiedade que têm de discutir temas que fazem parte do seu dia a dia”.