“Ela está longe de representar o legado de Campos”, diz Siqueira sobre Marina

  • IG - São Paulo
  • 21/08/2014 15:29
  • Brasil Mundo
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Menos de 24 horas depois de ser lançada oficialmente, a candidatura de Marina Silva à Presidência da República pelo PSB já vive uma enorme crise. No início da tarde desta quinta-feira (21), Carlos Siqueira oficializou a sua saída da coordenação da campanha socialista, depois de ter seu poder diminuído por ordem de Marina, que indicou o ex-deputado Walter Feldman para o comando. Ao deixar a sede do partido em Brasília, Siqueira foi categórico ao dizer que não há menor possibilidade de acordo com a candidata.

“Não há acordo com a senhora Marina Silva. Quando uma pessoa é acolhida numa instituição, ela se torna uma hospedeira. É isso que ela é. Então, ela tem de respeitar esta instituição”, disse Siqueira. O ex-coordenador apontou como principal motivo de sua revolta a atitude de Marina nomear homens de sua confiança para a coordenação geral e financeira da campanha sem ouvir o PSB.

“Quem ela pensa que é? Ela manda na Rede dela, não no PSB”, criticou Siqueira, citando o Rede Sustentabilidade, partido fundado por Marina, que ainda não teve o seu funcionamento oficializado. A ex-senadora se filiou aos socialistas neste ano com o compromisso de migrar para a própria agremiação em 2015.

Siqueira apontou a incoerência de Marina ter colocado um nome da Rede, Bazileu Margarido, para comandar a chapa encabeçada pelo PSB. “Como ela indica uma pessoa [de fora] para coordenar as finanças, quando a responsabilidade pela prestação de contas é do partido.”

Bazileu assumiu na última quarta o comitê financeiro da campanha de Marina, escanteando Henrique Costa, que disse mais cedo ao iG não ter certeza se permanecerá trabalhando com as finanças da candidatura.

"Renata Campos não deve saber" 

“Ela está muito longe de representar o legado de Eduardo Campos”, prosseguiu Siqueira em suas críticas, dizendo ainda que a viúva do ex-governador, Renata Campos, não deve estar a par do que está acontecendo. “Ela não deve saber o que está se passando. Não podemos oferecer um partido a uma pessoa que nos trata assim”, completou ele.

Durante a manhã de quarta, toda a cúpula do partido se empenhou em apaziguar a crise, mas não conseguiu acalmar Siqueira. Roberto Amaral, presidente nacional do PSB,  preferiu não falar com o ex-coordenador devido ao momento de ânimos exacerbados.

“Eu nem tentei falar [com ele]. Não esperava por isso. Ele participou em Pernambuco de todas as reuniões que definiram Marina como cabeça de chapa”, admitiu Amaral.

Questionada sobre a crise, Marina disse que houve um mal-entendido. “Houve um equívoco, uma incompreensão com o que está acontecendo. É um momento delicado para todos nós. Há de ser ter uma compreensão com a sensibilidade das pessoas. Não é porque você sofreu uma injustiça que você tem que fazer outra injustiça”, respondeu a socialista.