“Não vemos as coisas como elas são. Vemos as coisas como nós somos.”
No livro, A Luta Pelo Direito, do jurista alemão Rudulph Von Ihering, lemos a seguinte citação:
“A objeção seria procedente se se tratasse da luta da injustiça contra o direito; ao contrário, trata-se aqui da luta do direito contra a injustiça. Se, neste caso, o direito não lutasse, isto é, se não resistisse vigorosamente contra ela, renegar-se-ia a si mesmo.
Esta luta perdurará tanto como o mundo, porque o direito terá de precaver-se sempre contra os ataques da injustiça.
A luta não é, pois, um elemento estranho ao direito, mas sim uma parte integrante de sua natureza e uma condição de sua ideia. Todo direito no mundo foi adquirido pela luta; esses princípios de direito que estão hoje em vigor foi indispensável impô-los pela luta àqueles que não os aceitavam; assim, todo o direito, tanto o de um povo, como o de um indivíduo, pressupõe que estão o indivíduo e o povo dispostos a defendê-lo.
O direito é o trabalho sem tréguas, e não somente o trabalho dos poderes públicos, mas sim o de todo o povo.” (Rudulph Von Ihering, A LUTA PELO DIREITO, 1818-1892)
Greve é a cessação (suspensão) coletiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, reajuste das perdas salariais, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação coletiva e voluntária de quaisquer atividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo (de conformidade com a "Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)", Estatutário, entre outros, legalmente regulamentadas na Constituição Federal.
“Todo o direito no mundo foi adquirido pela luta”. O direito de greve para os trabalhadores em geral está previsto no art. 9º da Constituição Federal e vem assim descrito:
“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Sobre a Etimologia/significado e origem da palavra GREVE:
A palavra origina-se do francês grève, com o mesmo sentido, proveniente da “Place de Grève”, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e depois, local das reuniões de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho. Daí o nome da praça e o surgimento etimológico do vocábulo, usado pela primeira vez no final do século XVIII.
Originalmente, as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das seguintes situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores condições, por temor ao desemprego, ou o empresário atendia total ou parcialmente as reivindicações para que pudessem evitar maiores prejuízos devidos à paralisação. (Fonte Wikipédia)
Pronto!!! Explicada, agora, o que significa Greve, que possamos nos propor a uma outra etapa, a da compreensão da importância do “estado de Greve”. Uma vez que, ainda que de maneira ingênua, por medo – principalmente – como um resquício de um processo de subserviência das classes mais pobres às Oligarquias brasileiras. E, quem estudou um pouco de história vai perceber que a partir do início do século XX, graças aos Movimentos do Operariado Brasileiro, as conquistas por direitos – às férias remuneradas, às folgas, auxílios doenças, aposentadoria e a condições mínimas – de salubridade – de trabalho, foi luta após luta sendo conquistadas. No entanto, parece que as ideias sobre as greves foram tão bem trabalhadas – distorcidas – pelas camadas mais ricas, empresários e governantes que, falar em greve hoje parece mais uma coisa ruim, nefasta. E a grande maioria não sabe, não lembra ou não quer lembrar que há, somente, 71 anos atrás, isso mesmo, só a partir de 1943, que os TRABALHADORES DO E NO BRASIL, gozam de direitos trabalhistas... Conseguidos com a C.L.T. – Consolidação das Leis Trabalhistas – e que todos conhecemos quando vemos a nossa famosa Carteira de Trabalho...
“Infelizmente” essa é uma das funções da greve, fazer paralisar os serviços em detrimento do que a sociedade exige, espera, necessita... Numa busca a direitos adquiridos ou não, mas principalmente, pela seguridade desses direitos. O que é mais drástico, talvez, seja o fato da ingenuidade de parcela da população, no que diz respeito às Greves. Pois, se convencionou que o “estado de Greve” é a pior coisa que existe. Essa ideia está diretamente em oposição ao que preconiza a Constituição Federal, no Art. 9º, já citado acima. Ou seja, no Brasil, e somente no Brasil, veem-se um Direito Constitucional como algo banal.
Deixo aqui, minha opinião:
“Não estamos em Greve porque somos cegos para as coisas da sociedade e queremos aumentos salariais. Estamos em Greve porque enxergamos e, diferentemente de uma parcela da população, exigimos, cobramos e lutamos para que: as escolas, as salas de aulas e tantas outras repartições sejam, no mínimo, confortáveis. Para que os Professores, auxiliares, administrativo, entre outros, tenham condições dignas de trabalho... E com um salário que dê condições de continuarmos a oferecer um serviço de qualidade... EU AMO O MEU TRABALHO, MAS SOU UM PROFISSIONAL... NÃO TRABALHO DE GRAÇA...”
Alguém, os mais desavisados, talvez digam: VOCÊS PROFESSORES PRECISAM ENSINAR COM AMOR, DEDICAÇÃO, EMPENHO, ETC. Estas pessoas estão certas. Mas AMIGOS DA ESCOLA é trabalho voluntário... Ser PROFESSOR é Profissão Remunerada. E precisa ser vista como tal... Pessoalmente eu não trabalho por Amor... Estou sendo Franco... Eu trabalho porque preciso me sustentar, pagar contas, lazer, saúde... O que não quer dizer que eu não ame meu trabalho... Ao contrário, adoro estar na sala de aula... Mas não posso e não vou me sujeitar ao Estado, quando este não cumpre com suas obrigações... Que pais e alunos que ainda não sabem o real propósito do “estado de Greve” busquem acompanhar seus filhos às escolas... Deixem as novelas um pouco de lado, pelo menos por um instante... Atentem para a seguinte expressão: PARA SE ENTENDER COMO AS COISAS SÃO HOJE É PRECISO ENTENDER COMO ELAS COSTUMAVAM SER... Um pouco de história não faz mal a ninguém, ao contrário, entender a história e a nossa própria história, nos dá asas para alçarmos voos cada vez mais altos...
E se a situação não mudou... Se nada mais pode mudar... É porque NÓS não estamos mudando... Deixemos de culpar a “não mudança dos outros” e mudemos a nós mesmos, que, talvez, seja a maior de todas as mudanças... Aquela que nos deixa livres, verdadeiramente livres... Pois quando fui diretor adjunto do Humberto Mendes, há cinco anos, também aderi à Greve... Tive meu ponto cortado, mas lembrei que eu sou Professor, minha profissão é a de Professor, não diretor... Se quiserdes, VÓS, DIRETORES, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DE ALAGOAS – que não aderiram e desprezam os que optaram pela Greve – se desejais ficar na ZONA DE CONFORTO, sois livres para ficardes onde estás... Mas nós, PROFESSORES, DIRETORES, FUNCIONÁRIOS – que aderimos à Greve – também somos livres para sairmos da ZONA DE CONFORTO... Livres para recusar, discordar, lutar... Somos nós, professores, quem vão estar na sala de aula, ensinando as novas gerações o que significa EDUCAÇÃO... O que significa POLÍTICA... Participação... E, antes de falar, muitos já saberão o que fizemos... Eu não quero e espero nunca ver uma geração de crianças, adolescentes e adultos que passaram pela Escola sem saber o quanto de luta e sacrifício as gerações passadas tiveram para que hoje, pudéssemos ter uma “boa educação”. E anseio por uma sociedade onde a maioria dos Professores sejam LIVRES e não tenham medo, tampouco estejam amarrados à ignorância da Zona de Conforto... Se é que alguns desses sabem o que isso significa.
A Greve, nesse momento e em muitos outros, é necessária. E, enquanto seja um Direito, vou fazer valer tal direito, quer gostem ou não. Porque vejo que a minha liberdade vai fazer a diferença em sala de aula. Pois meus alunos vão aprender história, com quem fez e faz a história... Porque já temos hipócritas demais... E como professor de história, eu seria um desses, se não saísse às ruas, à luta, mas na sala de aula discursasse bonito... Como um cara que não baixou a cabeça, nem se submete à vontade da Burocracia do Estado, eu acredito que a Greve não é e nunca foi o que muitos pensam... A GREVE É UM MECANISMO DE LUTA PELO DIREITO.
SINTEAL
O Sinteal lembrou que, nesta quinta-feira, dia 27 de março de 2014, fez 07 (sete) anos do acordo de ISONOMIA, assinado pelo governo num dia como este, 27 de março de 2007, e que até agora a isonomia não está sendo respeitada... Por isso, Lembramos aos amigos que a Greve continua, uma vez que o impasse entre a classe e o governo permanece. Pois o governo se propôs a dar 6% de reajuste (lembrem-se, esta greve e muitas outras não é por aumento salarial, mas por reajuste salarial, por perdas salariais, numa busca de compensar uma desvalorização, do poder de compra, em função da inflação), mas o SINTEAL não aceita menos que o piso estabelecido nacionalmente, que é de 8%. Assim sendo, na próxima segunda-feira, haverá uma assembleia para definir novos encaminhamentos sobre as mobilizações.
Vânia Maria Calheiros de Oliveira, Presidente do SINTEAL Regional, afirmou que não podemos aceitar as imposições do governo estadual, uma vez que os TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO, sejam os da ativa, bem como os aposentados, devem ser tratados igualmente. Reajuste para uns e outros não, isso é inconstitucional.
Consuelo Correia, presidenta do Sinteal fala sobre descaso do Governo de Alagoas com a Educação, e critica afirmações feitas pela Secretária de Educação responsabilizando classe trabalhadora e dizendo que solução só virá daqui a 70 anos.
VEJAM O VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=BCK6SCrQkSw&feature=share
Mas espero que os alunos e a sociedade aprendam uma história real, palpável. Por fim, fica o recado:
“POVO QUE NÃO APRENDE A SUA HISTÓRIA ESTÁ CONDENADO A REPETI-LA”