“Não vemos as coisas como elas são. Vemos as coisas como nós somos.”

Greve é a cessação (suspensão) coletiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, reajuste das perdas salariais, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação coletiva e voluntária de quaisquer atividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo (de conformidade com a "Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)", Estatutário, entre outros, legalmente regulamentadas na Constituição Federal.

O direito de greve para os trabalhadores em geral está previsto no art. 9º da Constituição Federal e vem assim descrito:
“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

A palavra origina-se do francês grève, com o mesmo sentido, proveniente da Place de Grève, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e depois, local das reuniões de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho. Daí o nome da praça e o surgimento etimológico do vocábulo, usado pela primeira vez no final do século XVIII.

Originalmente, as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das seguintes situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores condições, por temor ao desemprego, ou o empresário atendia total ou parcialmente as reivindicações para que pudessem evitar maiores prejuízos devidos à paralização.

Pronto!!! Explicada, agora, o que significa Greve, que possamos nos propor a uma outra etapa, a da compreensão da importância do “estado de Greve”. Uma vez que, ainda que de maneira ingênua, por medo – principalmente – como um resquício de um processo de subserviência das classes mais pobres às Oligarquias brasileiras. E, quem estudou um pouco de história vai perceber que a partir do início do século XX, graças aos Movimentos do Operariado Brasileiro, as conquistas por direitos – às férias remuneradas, às folgas, auxílios doenças, aposentadoria e a condições mínimas – de salubridade – de trabalho, foram luta após luta sendo conquistadas. No entanto, parece que as ideias sobre as greves foram tão bem trabalhadas – distorcidas – pelas camadas mais ricas, empresários e governantes que, falar em greve hoje parece mais uma coisa ruim, nefasta.

Infelizmente essa é uma das funções da greve, fazer paralisar os serviços em detrimento do que a sociedade exige, espera, necessita... Numa busca a direitos adquiridos ou não, mas principalmente, pela seguridade desses direitos. O que é mais drástico, talvez, seja o fato da ingenuidade de parcela da população, no que diz respeito às Greves. Pois, se convencionou que o “estado de Greve” é a pior coisa que existe. Essa ideia está diretamente em oposição ao que preconiza a Constituição Federal, no Art. 9º, já citado acima. Ou seja, no Brasil, e somente no Brasil, veem-se um Direito Constitucional como algo banal.

Deixo aqui, minha opinião:

Não estamos em Greve porque somos cegos para as coisas da sociedade e queremos aumentos salariais. Estamos em Greve porque enxergamos e, diferentemente do restante da população, exigimos, cobramos e lutamos para que: as escolas, as salas de aulas e tantas outras repartições sejam, no mínimo, confortáveis. Para que os Professores, auxiliares, administrativo, entre outros, tenham condições dignas de trabalho...

Alguém, os mais desavisados, talvez digam: VOCÊS PROFESSORES PRECISAM ENSINAR COM AMOR, DEDICAÇÃO, EMPENHO, ETC. Estas pessoas estão certas. Mas AMIGOS DA ESCOLA é trabalho voluntário... Ser PROFESSOR é Profissão Remunerada. E precisa ser vista como tal... Pessoalmente eu não trabalho por Amor... Estou sendo Franco... Eu trabalho porque preciso me sustentar, pagar contas, lazer, saúde... O que não quer dizer que eu não ame meu trabalho... Ao contrário, adoro estar na sala de aula... Mas não posso e não vou me sujeitar ao Estado, quando este não cumpre com suas obrigações... Que pais e alunos que ainda não sabem o real propósito do “estado de Greve” busquem acompanhar seus filhos às escolas... Deixem as novelas um pouco de lado, pelo menos por um instante... Atentem para a seguinte expressão: PARA SE ENTENDER COMO AS COISAS SÃO HOJE É PRECISO ENTENDER COMO ELAS COSTUMAVAM SER... Um pouco de história não faz mal a ninguém, ao contrário, entender a história e a nossa própria história, nos dá asas para alçarmos voos cada vez mais altos...

E se a situação não mudou... Se nada mais pode mudar... É porque NÓS não estamos mudando... Deixemos de culpar a não mudança dos outros e mudemos a nós mesmos, que, talvez, seja a maior de todas as mudanças... Aquela que nos deixa livres, verdadeiramente livres... Pois quando fui diretor adjunto do Humberto Mendes, há quatro anos, também aderi à Greve... Tive meu ponto cortado, mas lembrei que eu sou Professor, minha profissão é a de Professor, não diretor... Se quiserdes, VÓS, DIRETORES, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DE ALAGOAS – que não aderiram e desprezam os que optaram pela Greve – se desejais ficar na ZONA DE CONFORTO, sois livres para ficardes onde estás... Mas nós, PROFESSORES, DIRETORES, FUNCIONÁRIOS – que aderimos à Greve – também somos livres para sairmos da ZONA DE CONFORTO... Livres para recusar, discordar, lutar... Somos nós, professores, quem vão estar na sala de aula, ensinando as novas gerações o que significa EDUCAÇÃO... O que significa POLÍTICA... Participação... Eu não quero e espero nunca ver uma geração de crianças, adolescentes e adultos que passaram pela Escola sem saber o quanto de luta e sacrifício as gerações passadas tiveram para que hoje, pudéssemos ter uma boa educação. E anseio por uma sociedade onde a maioria dos Professores sejam LIVRES e não tenham medo, tampouco estejam amarrados à ignorância da Zona de Conforto... Se é que alguns desses sabem o que isso significa.

Não gosto de Greve, mas ela, nesse momento e em muitos outros, é necessária. E, enquanto um Direito vou fazer valer tal direito, quer gostem ou não. Porque vejo que a minha liberdade vai fazer a diferença em sala de aula. Pois meus alunos vão aprender história, com quem fez e faz a história... Com um cara que não baixou a cabeça, nem se submete à vontade da Burocracia do Estado... A REVOLUÇÃO DOS BICHOS É MAIS REAL DO QUE IMAGINAMOS. Mas espero que os alunos aprendam uma história real, palpável. Por fim, o recado do Historiador/Jornalista Eduardo Bueno:
“POVO QUE NÃO APRENDE A SUA HISTÓRIA ESTÁ CONDENADO A REPETI-LA”