“Ter Direitos não significa ter acessibilidade. Ter acesso não indica privilégios (Vantagem que se concede a alguém com exclusão de outrem e contra o direito comum). Precisamos entender que Inclusão Social não existe sem acessibilidade, e tão pouco significa privilégios”.
Na última terça-feira, dia 17 de abril, Estive em Brasília (viajei para a capital do país, para assistir o Show de Bob Dylan, era véspera de meu aniversário)... E o que podemos pensar da cidade que tem o mais importante centro de reabilitação da América Latina - Sarah Kubitschek... Que foi projetada por um dos mais importantes urbanistas do mundo, no século XX, Lúcio Costa... Que ficou conhecida pelo concreto e as curvas de Oscar Niemeyer... Tornando-se a única cidade no mundo que, por inteira, é patrimônio da humanidade...
O que dizer dos serviços dessa cidade... Bem, por experiência própria vou dar alguns exemplos... Mas que fique claro que não estou generalizando... Em 2008 quando fui delegado na CONEB (Conferência Nacional de Educação de Base), eu fiquei sem transporte para ir do Hotel ao Centro de Conferência Ulisses Guimarães... Mas não por falta de transporte, e sim por não quererem me transportar... Acessem o Link e vejam por vós mesmos: http://www.youtube.com/watch?v=8mWH3ouBhd0

E vejam mais dois exemplos:

Este em São Paulo:    http://www.youtube.com/watch?v=dIkwIKH7btU

Este outro em Nossa Palmeira dos Índios: http://www.youtube.com/watch?v=lTwFVgROuZ8

No Ginásio Nilson Nelson (que fica ao lado do Estádio Mané Garrincha, que está em reforma para a Copa de 2014), para assistir a Lenda viva do Folk e do Rock, Bob Dylan (o show foi um espetáculo), mas a acessibilidade... Não tinha rampas, nem banheiros adaptados... Vejam na foto ao lado o quando de acessibilidade que o Ginásio oferecia... Foi então que percebi porque só havia um cadeirante num espaço que pode abrigar 20.000 pessoas... Eu era a única PESSOA COM DEFICIÊNCIA (esta é a nova nomenclatura para designar as pessoas que tem alguma deficiência, desde a última Conferência das Pessoas com Deficiência, em 2008) que assistira ao show... Cheguei a pensar que os brasilienses (me refiro aos brasilienses cadeirantes), não gostavam de Rock; mas aí me lembrei das Bandas de rock brasileiras que surgiram no final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, como A Legião Urbana, Capital Inicial e os Paralamas do Sucesso, só para citar algumas delas...
A organização do Show foi tão “truculenta” que queriam me convencer a ficar nos cantos do Ginásio e não no Front Stage – Pista Premium – na qual tinha comprado o ingresso para ficar de frente para o palco... Eles não sabiam que Consciência Cidadã não se restringe geograficamente, ou seja, não acontece só nos grandes centros urbanos... E que do outro lado do Brasil, na Pequena Palmeira dos Índios moram pessoas que sabem o que significa Acessibilidade... Refletindo sobre isso às vezes falamos ou criticamos nossa cidade, mas a nossa Aquárius tem rampa e banheiros adaptados desde sua inauguração... E alguns outros espaços da Cidade já estão se adaptando para que haja, de fato, Acessibilidade...
Isso, contudo não indica que aqui a situação seja melhor que a de lá... Significa que precisamos mudar – mudar em todos os aspectos, sejam sociais ou pessoais também... Pois enquanto as Pessoas Com Deficiência não forem para as ruas, prédios, eventos, cinemas, teatros, shows e não exigirem mudanças, muito pouco vai acontecer... Talvez coloquem um rampa – fora das normas da ABNT – para fazer parecer que é um espaço acessível... O maior poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade expressou muito bem como cada um de nós devemos nos ver:

Eu so do tamanho daquilo que SINTO,

Que VEJO e que FAÇO,

Não do tamanho que os outros me enxergam.

Enquanto eu esperar que minha rua, calçada, escola, igreja, logradouro público, praças, estejam adaptados, para assim eu sair de casa... Eu não viveria... Como dizia o Pequeno Príncipe: “É preciso suportar um ou dois espinhos para que a rosa possa brotar”... Esse comportamento, tão pouco indica que devemos ficar inertes. Ou encaramos a vida com toda a nossa força e vontade, ou então ninguém vai saber quem somos...

Pensar em Inclusão Social suscitará, ainda, muitas discussões... Ela só deixará de ser uma questão, quando a Acessibilidade for real... Mesmo assim, outros problemas aparecerão, pois não são só as Pessoas com Deficiências que são as vítimas. “A Indagação a ser feita é sobre a presença ou não da Inclusão Social como objetivo expresso nos compromissos assumidos pelo Governo.” (Prieto, 2001). E antes que alguém critique o Governo Municipal procure primeiro saber se a Prefeitura de nossa cidade pensa em Acessibilidade... Pois Já está em nossas mãos o Projeto que mapeou todas as barreiras arquitetônicas da cidade para as mudanças necessárias... E eu preciso, como o colaborador no projeto, dizer que a idéia do mesmo partiu do Excelentíssimo Prefeito James Ribeiro, logo que assumiu a Prefeitura me incubiu de fazer o projeto... E depois de dois anos o projeto ficou pronto e esperamos que neste ano, no mais tardar ele possa ser executado... Acessem o link e baixe e leia o projeto: http://www.4shared.com/office/ZO0QXKZc/Relatorio_Preliminar-Final_Ace.html Lembrando que é preciso ter uma conta no 4shared para poder fazer o download...