Passados um ano, desde aquele fatídico massacre no Rio de Janeiro, na Escola Tasso da Silveira, algumas perguntas ainda estão sem respostas: como melhorar a segurança nas escolas? Como anda a Educação brasileira? Qual o papel da sociedade e das mídias nesses acontecimentos?
É notório que a educação brasileira não anda bem, aliás, há décadas que muito precisa ser feito para que tenhamos uma educação de qualidade. E a segurança nas escolas nunca foi tão abalada depois do massacre na escola do Rio de Janeiro. Contudo, não é a primeira vez que a segurança está em pauta; pois, não raro, vimos e vemos professores serem ameaçados, assassinados, alunos mortos dentro e fora da sala de aula, escolas pilhadas, e sob a mira do tráfico... Até no “alto escalão” há violência – o roubo das provas do ENEM ou o escândalo da merenda escolar.
Fazer uma reflexão sobre a segurança nas escolas é pensar sobre a qualidade da educação no país. E não sejamos ingênuos, pensando que por se ter uma educação de “qualidade”, a violência não apareça. O mundo tem mostrado o contrário, nos EUA, Europa, Ásia, a violência nas instituições de ensino não ficam reclusas no que toca às escolas ou ao ensino de baixa qualidade. Atualmente tal fenômeno aparece mais, onde menos se espera e, na maioria dos casos, em ambientes livres de pobreza e marginalização. É preciso pensar que tanto a qualidade, quanto a seguridade dessa qualidade, tanto física como intelectual, possam fazer parte do nosso cotidiano.
E nessa busca por melhorias, a lembrança é, talvez, nossa maior inimiga. Já não se fala mais em segurança na sala de aula... Somente agora, passados doze meses da tragédia, bem – até que, infelizmente outras aconteçam?! A discussão começou, mas parece já ter acabado. Os noticiários têm matérias mais importantes... No ano passado, por exemplo, a repercussão foi logo substituída por: “jogador de futebol engravida garota de 17, ela é sortuda!” Hoje, neste exato momento, não há nada que lembre o fato... Só pequenas notas foram veiculadas... Precisamos, famílias, governos, entidades e os meios de comunicação, não deixar tais acontecimentos caírem no esquecimento, para depois não ressurgirem com outra tragédia. O Brasil precisa mudar de um país da Providência, para o país da Previdência... Assim, poderíamos entender e solucionar, talvez, a gênesis de tamanha violência.
Os documentários "Pro Dia Nascer Feliz" (que mapeia muitos dos problemas da educação no Brasil) e o recente "Bully", o controverso documentário de Lee Hirsch e Alicia Dwyer, são alguns exemplos de uma violência que não dá trégua...
Dessa forma, refletindo, mas principalmente não esquecendo, e buscando diagnósticos concretos, com a participação ativa e consciente da população e das instituições do Estado, a segurança nos estabelecimentos de ensino não façam mais parte dos B.O., das delegacias. Educação de qualidade e segurança são sintomas sociais. Precisamos nos impor e abrir nossos olhos críticos para não sermos reféns da violência. Aliás, omissão, também é um tipo de violência...