A cientista Marília Oliveira Fonseca Goulart do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) assinou a carta aberta renunciando a entrega da medalha de Ordem do Mérito Científico depois que o presidente Jair Bolsonaro revogou a homenagem a dois outros pesquisadores, que fizeram trabalhos que desagradaram ao Governo. 

Na carta aberta, os vinte cientistas brasileiros escolhidos afirmaram que “tal exclusão, inaceitável sob todos os aspectos, torna-se ainda mais condenável por ter ocorrido em menos de 48 horas após a publicação inicial, em mais uma clara demonstração de perseguição a cientistas, configurando um novo passo do sistemático ataque à Ciência e Tecnologia por parte do Governo vigente”. 

Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda estavam na lista de agraciados, mas foram removidos em um novo decreto presidencial na data de 5 de novembro de 2021. 

“Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade cientifica brasileira nas últimas décadas”, diz trecho da carta. 

Marília deu apoio ao documento e ratificou: “Ser condecorada com a comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico é uma honra máxima na carreira científica de qualquer pesquisador. O reconhecimento do valor de nossa trajetória é gratificante, emocionante e nos extasia. A escolha é meritória. Temos compromisso com a ética, a verdade e, principalmente, com a população, que precisa confiar em seus cientistas. A renúncia à medalha foi uma atitude essencial e reconhecida nacional e mundialmente. Temos muito orgulho de termos assinado a Carta, em companhia de ilustres colegas. Integridade, honra, solidariedade e indignação em favor da Ciência, em todos os seus aspectos. Isto nos move”.