Palmeira dos Índios: Serra do Amaro muda realidade com o Programa Água Para Todos

  • Agência Alagoas
  • 26/06/2015 05:47
  • Cidade
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A produtora rural Maria Ângela dos Santos caminhava todos os dias, com uma lata na cabeça, cerca de 2 km em busca de água para beber. Diarreia, schistosoma e desnutrição faziam parte de sua vida, pois a má qualidade da água causava problemas de saúde na agricultora.

“Hoje, a realidade é outra, depois da chegada do Programa Água para Todos. Com a cisterna, temos água de qualidade, as doenças sumiram e nossa vida melhorou 100%”, declara, com um sorriso largo, Maria Ângela dos Santos, vítima três vezes do schitosoma, verme que causa a esquistossomose, popularmente conhecida como barriga d’água.

A agricultora é uma das moradoras da Serra do Amaro, povoado da zona rural de Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano. A localidade há três anos passou a fazer parte do Programa Água Para Todos, que é desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa).

Segundo dados da Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios (Carpil), antes da chegada do programa e de outras ações sociais, a Serra do Amaro registrava 85% de casos de diarreia por causa do consumo de água contaminada, 72% dos domicílios não tinham banheiro, 90% das mortes eram provocadas pelo schistosoma e a maioria das casas era de taipa.  

Após três anos de implantação do Água Para Todos, a realidade é outra. Atualmente, 80% das residências dispõem de banheiro, a redução da esquistossomose é de 95% e das 57 casas de taipa existentes no povoado, 30 foram reconstruídas em alvenaria.

“Um conjunto de tecnologia social tem mudado a realidade econômica e de qualidade de vida de uma das comunidades mais carentes da zona rural de Palmeira dos Índios. É uma região tradicional na produção de hortaliças”, comenta o presidente da Carpil, Luciano Monteiro.

Situação favorável

No povoado, os produtores rurais estão inseridos na agricultura familiar. A produção agrícola é diversificada. Entres os produtos estão: frutas (maracujá, mamão, banana), hortaliças (alface roxa, alface crespa, alface americana, cebolinha, couve, coentro) e tubérculos (batata, inhame, macaxeira).  Além da caprinocultura e avicultura.

“Hoje, temos água potável e também para irrigação. Com toda essa mudança, nossa produção agrícola aumentou e, como consequência, a renda das famílias melhorou. Os programas existentes, como o Água para Todos, contribuem para a gente continuar no campo, trabalhando no que sabemos fazer”, afirma Antônio Marcos, presidente da Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Serra do Amaro.

O programa é desenvolvido na localidade pela Carpil e governo de Alagoas, por meio da Seapa. Os benefícios sociais no povoado incluem ainda projetos de irrigação, agricultura familiar e recuperação de nascentes.

As ações contam também com a participação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Sebrae e da Prefeitura de Palmeira dos Índios.   

O secretário de Agricultura, Pesca e Aquicultura, Álvaro Vasconcelos, afirma que o investimento em programas como o Água para Todos não muda só a realidade dos beneficiados, mas evita o êxodo rural. “O empenho do governo do Estado é para fortalecer e desenvolver a agricultura familiar. A secretaria tem como um de seus focos o crescimento desse segmento”.

Na localidade, vivem 280 famílias. Até o momento, foram construídas 58 cisternas de 1ª água (que serve para o consumo humano) e seis do tipo calçadão (2ª água, destinada para a produção agrícola).

Parte dos produtos agrícolas é para consumo próprio, mas a maioria da produção é destinada para venda direta com a prefeitura e comércio local.

Quintais produtivos

A família Beló vive em uma propriedade de um hectare. No local, moram 26 pessoas de oito famílias.

São oito residências, todas de alvenaria e que antes eram de taipa, quatro cisternas de 1ª água (para consumo humano) e um sistema de irrigação que alimenta quatro quintais produtivos. Nas quatro áreas, são cultivados hortaliças, frutas e tubérculos.

A partir da cisterna e da irrigação, tudo mudou. Desde a saúde até a nossa situação financeira”, diz Maria Cícera da Silva, vítima do schistosoma por duas vezes.

Já Maria Ângela dos Santos revela que antes não tinha quase nenhuma renda. “O que plantava mal dava para comercializar na feira. Era difícil. A gente vivia ‘assando e comendo’. Antes não conseguia ganhar nem um salário mínimo. Hoje a renda da minha família é em torno de R$ 1.600”, revela a produtora rural.

Em seu quintal produtivo, Maria Ângela e sua família cultivam alface, cebolinha, coentro, salsinha, rúcula, berinjela, hortelã, espinafre, entre outros produtos. Além da produção de frutas, como o maracujá. “Todos os produtos são vendidos para Palmeira dos Índios”, completa a agricultora, que atualmente vive em uma residência de alvenaria e a antiga casa de taipa usa para criar galinhas.

A filha da agricultora, Iara Santos da Silva, de 18 anos, projeta um futuro diferente com as mudanças provocadas pelo programa. “Antes era um sofrimento, carregava água na cabeça todos os dias. Hoje, posso pensar em fazer uma faculdade. Quero estudar geografia", sentenciou a jovem.

O produtor rural Cícero Pereira da Silva trabalha em sua horta numa área de três tarefas. A irrigação vem de uma nascente. No local, cultiva coentro, cebola, alface, couve e pimenta.

Sua casa dispõe dos dois tipos de cisternas. Graças à cisterna de 2ª água, Cícero Pereira e a família conseguem produzir maracujá, mamão, macaxeira e jiló no quintal de casa. “A nossa produção é outra, antes era limitada. Com esta nova realidade, temos mais trabalho e renda. Tudo melhorou para nós”, narrou o produtor rural.